Serra da Moeda - MG

O Blog

O objetivo do Blog é simplesmente escrever, não estou almejando ser lida, nem seguida, nem acessada várias vezes. Simplesmente quero escrever. E que todos que passarem por aqui levem sempre uma "coisinha" boa, uma idéia, uma dica, uma frase, uma imagem, ou uma palavra apenas...

Gostaria de lembrar que um blog é uma opinião pessoal, um ponto de vista. Sei que nem sempre agradarei a todos, mas com certeza, a intenção sempre será a melhor possível!

sábado, 14 de setembro de 2013

E você, por que viaja ou tem vontade de viajar?

Gente, eis que estou aqui, para oferecer a vocês um excelente texto. Infelizmente não fui eu quem o escreveu, e sim, o Arnaldo, do blog Fatos & Fotos de viagens. Mas concordei com cada palavra que ele disse lá, e deu até uma pontinha de inveja, por aquelas palavras não serem de minha autoria. Até o título deste post é de autoria do Arnaldo, depois de um pedido, ele me autorizou a colocar aqui, as palavras dele, sendo assim, segue o texto. E quando tiverem um tempinho, deem uma passadinha por lá, o link está no final do post.

Sempre que estou planejando uma viagem, entro no blog dele para buscar dicas ou, simplesmente, inspiração, torcendo muito para ele já ter ido aos lugares que almejo. Os textos e as fotos do Arnaldo são preciosidades nesse mundo "bloguístico". Hoje, temos uma infinidade de blogs de relatos de viagem, mas poucos o fazem com o olhar, carinho e dedicação do Arnaldo. Enfim, o blog dele é tudo de bom!!! Tanto  pra quem gosta de viajar fisicamente como pela internet!

Bjim!



Por que viajamos? O valor de uma viagem

by Arnaldo Interata

POR que você viaja tanto?, perguntaram-me certa vez. Não fosse uma provocação, aquela questão teria sido uma fabulosa oportunidade para longas e apaixonadas exposições de idéias que tanto me atraem, especialmente se o interlocutor não fosse limitado. Nada teria mais me satisfeito que o desenvolvimento de uma acalorada e inteligente troca de impressões sobre a vida e filosofias que tais. Para mim, talvez apenas viajar e escrever sobre viagens iguale-se ao prazer de uma boa conversa.

HÁ 15 anos eu já tinha 42 de idade. Minha vida profissional estava consolidada e o futuro era ainda mais promissor. Eu já havia adquirido maturidade bastante para compreender que perguntas implicantes merecem respostas secas, curtas o bastante para encerrarem em si mesmas o assunto.  “Não alimente espíritos crítico-implicantes”, já dizia meu pai, o qual repetia meu avô, que infelizmente não conheci. De fato, com o tempo aprendi que contendas só valem as que deixem saldos positivos.

- PORQUE gosto!, foi a resposta. Assim mesmo, seca. Foram duas míseras palavras, o que para mim constitui-se um verdadeiro sacrifício! Quem me conhece sabe o quanto aprecio o argumento. Todavia, o seco "Porque gosto" fora bastante para encerrar em si mesma o essenciasl.

VIAJAR pode significar diferentes coisas para diferente pessoas, mas uma coisa é comum a todas elas: todos sabem porque viajam. Só quem não viaja poderia fazer tal pergunta. E tal pergunta merece sempre uma resposta como "Limitados ficam em casa porque querem. Só curiosos é que viajam ou querem viajar". Ou, então, "O mundo é um livro e aqueles que não viajam leem apenas uma página deste livro", como disse Santo Agostinho, sei lá quando, mas certamente sei porquê.

NÃO tenho dúvidas de que por conta da globalização e do encurtamento das distâncias hoje o mundo vive um inigualável período de expansão da consciência e do auto-conhecimento através das viagens. Atualmente o homem não busca "apenas" descobrir novos mundos ou pessoas exóticas - como o fizeram Marco Polo, Álvares Cabral e Colombo - mas descobrir a si mesmo.

Mais de 600 milhões de pessoas por ano entram num avião, atravessam meio planeta para conhecerem outros lugares e são movidas por uma curiosidade por vezes erroneamente incompreendida, pelo simples fato de esses milhões que viajam representam apenas um décimo da população do planeta. O resto fica em casa. Porque quer, por conformismo, por medo ou por limitação. Até quem não pode, viaja em pensamento e nas viagens dos outros, em livros, em revistas e sonhos.

UMA resposta longa e ponderada, repleta de argumentos - tal como a máxima de Santo Agostinho -, por certo teria alimentado ainda mais o intuito da pergunta: criticar tanto o meu tempo quanto o meu dinheiro investido em viagens. Jamais fui complacente com os comportamentos provocadores e implicantes. Fosse a pergunta efetuada quando eu tinha ainda 30 anos - época em que os nervos eram acima, não sob a pele - eu teria pensado numa resposta igualmente perturbadora.   Passados 15 anos não é que a discussão encerrada com a seca resposta ainda incomoda? 15 anos depois voltou-me a incomodar o pensamento. Capricornianos são assim, como elefantes, donos de uma ótima memória e um péssimo sentimento de rancor.

E por que viajamos afinal?

POR que muitas vezes mal terminamos uma viagem e já pensamos em outra? Por que frequentemente fazemos isso ainda durante uma viagem? O que nos move? Por que viajamos tanto? Viajamos por desejo? Por concessão? Por doação, subvenção? Viajamos para concordar? Para discordar? Por admitir, aceitar, conferir, transferir, confirmar, ver e rever? Para comer, para sentir, ouvir, namorar, comemorar? Para esquecer, para lembrar, fugir, descansar, fotografar?

SABER as razões porque viajo jamais foi um mistério profundo ou algo que me perturbasse. Sempre tive as respostas. Para mim, viajar sempre esteve relacionado com expandir horizontes e deslimitar consciência, atender à minha personalidade curiosa e inquieta. Toda viagem é sempre um caminho para descobrir um pouco de alguma coisa, aprender muito sobre algumas coisas e encontrar algo mais em todas as coisas. Como resultado, toda viagem acaba sendo uma viagem a nós mesmos.

VIAGENS são sempre experiências de crescimento emocional, filosófico e espiritual. Me diga quem já retornou de uma viagem mais vazio do que partiu?  Em toda viagem nos completamos a nós mesmos e abastecemos com alguns litros mais nosso tanque de amadurecimento. Cada viagem é como um pequeno passo, que ao final de tantas outras torna-se um grande salto em nossas vidas.

PESSOAS são diferentes e viajam por diferentes motivos.  Há as que viajam para saírem delas mesmas e depois se re-encontrarem. Outras o fazem para saírem da rotina. Algumas apenas para curarem-se de estresse, afinal todos sabem que o simples fato de mudarmos nosso percurso casa-trabalho-casa por um novo, já nos alivia o estresse. Viajar para destinos longínquos, então, é uma boa atitude para curarmos o estresse e até depressão. Famílias viajam em férias para divertirem-se. Pessoas viajam pela curiosidade do desconhecido. Há os que buscam a natureza, outros que fogem dela em viagens. Inúmeros viajam por aventura e tem gente que viaja para bronzear-se. Há os que o fazem para enriquecimento cultural e também os que viajam para viverem experiências sociais ou antropológicas. Não nos esqueçamos também dos que atraem-se pela convivência com pessoas, culturas e costumes diversos. Há os que têm o gosto pela arquitetura.  Enfim, as pessoas não viajam apenas em férias, mas também para o descobrimento. De si e do mundo. 

O fato é que viagens sempre significarão consertar, remendar, renovar, reformar, refazer ou dar nova "aparência" ao cérebro e à vida. Seja lá para onde for. E se o seu motivo não está aqui, você mesmo saberá porque viaja. E isso é o que importa.

E, afinal, por que eu viajo? É claro que o fundamento disso tudo está mesmo no "gostar", no ter prazer em viajar. Sem grandes pretensões filosóficas, só há uma coisa absolutamente certa para mim: toda vez que retorno de uma viagem percebo que tudo permanece igual, mas eu mesmo mudei. E talvez sejam precisamente estas mudanças além, dos prazeres intrínsecos e naturais relacionados com o ato de viajar - que me motivam e impulsionam para a próxima.

AINDA sem grandes pretensões filosóficas, minha mais simples e sincera resposta a esta pergunta seria: "Eu viajo porque me sinto muito feliz viajando". Ou, "Eu sou ainda mais feliz a cada nova viagem". O mundo, em si, me atrai. Um mundo incrivelmente rico em paisagens e formas de vida, maravilhosamente diversificado em termos filosóficos e conceituais, espantosamente grandioso em cultura e costumes, atrações e curiosidades, diversão e aprendizado. Quanto mais e para mais longe viajo, melhor noção tenho de minha insignificância.

NUNCA viajo em férias. Viajo por nenhum outro motivo a não ser pelo gosto e filosofia de vida. Distinguo perfeitamente "viagens" de "viagens de férias". Minhas viagens diferem substancialmente do ato de relaxar e descansar, intrínseco às viagens de férias. Para mim "viagem" significa o ato de interagir com pessoas de um outro país ou cidade, absorver sua cultura, respirar sua essência. Viagens cansam, desgastam, preenchem, sugam, esgotam. Viagens requerem muita atividade física e intelectual. Pressupõe exploração. Ao contrário, férias significam relaxar e desligar-se, seja esticando-se numa praia, boiando numa piscina ou exercendo o que os italianos chamam de dolce far niente. Viagens requerem estar mais receptivo à exposição às belezas da natureza e à grandiosidade do que o homem construiu,  e para isso em geral exigem muito mais caminhar, subir, descer, dirigir, pedalar, nadar, escalar e mergulhar em doses maiores do que quando estamos a relaxar.

EU me incluo na categoria de viajantes que estão interessados em saber o quanto um destino vai lhes proporcionar em termos de experiência e prazer e o quanto de tempo e  dinheiro terão que investir na viagem.  Viagens custam caro, seja em tempo ou em dinheiro. Frequentemente, ambos. Conciliar tempo e dinheiro e ter a possibilidade de conhecer culturas e costumes o mais diferentes possíveis é o que tem mais me motivado a programar minhas viagens nestes tempos de dólar caro.  A melhor razão para eu viajar não tem sido “apenas” descobrir novos lugares, mas descobrir o quanto este lugar pode me afetar intelectualmente e o quanto isto me custará em tempo e dinheiro. É uma importantíssima relação de custo e benefício.



E você, por que viaja ou tem vontade de viajar?


Fotos Simone Medeiros

Um comentário:

  1. Simone Medeiros, honrado com o gentil elogio e pela reprodução do meu texto, agradeço a você a aos seus leitores.

    Parabéns pelo blog e reflexões.

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